25–27 de septiembre de 2024
UNA
America/Asuncion zona horaria

Dirección General de Postgrado y Relaciones Internacionales-Rectorado

Desafios e caminhos para a mobilidade acadêmica na América Latina: experiência com o Programa Paulo Freire

No programado
20m
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Campus de la UNA - San Lorenzo

Descripción

Desafios e caminhos para a mobilidade acadêmica na América Latina: experiência com o Programa Paulo Freire

O presente estudo analisa os desafios da mobilidade acadêmica na América Latina a partir da experiência brasileira com o Programa Paulo Freire (PPF). A referida iniciativa foi lançada em 2014 na XXIV Conferência Ibero-americana dos Ministros da Educação com o intuito de fortalecer a profissão docente por meio da mobilidade acadêmica intrarregional. O programa foi desenvolvido em 166 universidades públicas e privadas e proporcionou o intercâmbio de 660 estudantes matriculados em cursos de formação de professores entre os anos de 2016 e 2019 (Projeto Paulo Freire, 2014). Para o alcance do objetivo proposto, foram realizadas duas entrevistas virtuais com especialistas do PPF no Brasil a fim de examinar o conhecimento especializado sobre os principais desafios e caminhos necessários para a efetivação da mobilidade acadêmica na região. Para Meuser e Nagel (2009), o especialista possui um conhecimento especial no contexto de um quadro institucional, que é resultado do envolvimento ativo ligado às ações e responsabilidades. Desse modo, entrevistamos o coordenador do programa e a gerente do PPF — atores oriundos da Organização dos Estados Ibero-americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), instituição responsável pelo PPF no Brasil. Os principais desafios encontrados para a efetivação da mobilidade acadêmica na região são: i) preparação prévia dos estudantes; ii) formação de língua estrangeira; iii) investimento financeiro; iv) mudança de visão acerca da qualidade das universidades dos países latino-americanos; v) ampliação do impacto da mobilidade acadêmica para toda a instituição. A respeito da preparação prévia dos estudantes, a gerente do PPF argumenta que estudar um semestre no exterior implica habilidades que ultrapassam aspectos de natureza acadêmica, pois é necessário estar disposto a vivenciar modos distintos de ser e estar no mundo. Essa preparação é primordial, dado que foi relatado pela entrevistada que houve casos de estudantes que desistiram da bolsa de estudo e regressam ao país de origem: “esses alunos quando vão para outro país é muito difícil pela língua e também se adaptar. Então a gente teve casos de alunos que voltaram porque não se adaptaram”. A língua estrangeira é entendida pelos entrevistados como condição essencial para o envio e o acolhimento de bolsistas internacionais, uma vez que é parte integrante dos critérios de seleção dos estudantes, mas, principalmente, é condição necessária para um melhor aproveitamento das disciplinas realizadas no exterior e estabelecimento de relações interpessoais com a comunidade local. Desse modo, o coordenador do projeto defende o fortalecimento do ensino de idiomas estrangeiros na educação básica e a inserção de currículos internacionais na educação superior. A realização de um intercâmbio envolve um alto investimento financeiro para subsidiar a vivência no exterior. Assim, os informantes discutem a necessidade de uma linha de investimento por parte do Estado, pois apesar do PPF dispor de bolsas de estudo no valor de quatro mil dólares americanos, o quantitativo de bolsistas contemplados no Brasil (22 estudantes) foi reduzido em decorrência do financiamento limitado a partir da mudança de governo. Ademais, é preciso considerar a condição social e econômica dos universitários que desejam pleitear uma bolsa de estudo no exterior, evitando que o fator econômico atue como uma barreira na realização do intercâmbio. Quanto à mobilidade acadêmica na região, o coordenador do PPF argumenta que a concepção negativa e inferior acerca dos países latino-americanos é uma barreira simbólica na cooperação internacional Sul-Sul. Nas palavras do informante: “quebrar esse paradigma dentro da cabeça do estudante era importante. Quando a gente fala de mobilidade na América Latina parte também das instituições quebrarem esse paradigma assim, sabe que o melhor está só no Norte, não está no Sul”. Desse modo, propõe-se a construção de um pensamento decolonial e a abertura para discussões mais conectadas com a realidade brasileira. O retorno ao país de origem também é destacado como um grande desafio pelos especialistas. Para o coordenador do PPF: “o impacto da mobilidade é muito individual. Então tem que construir outras formas de fazer com que esse conhecimento seja institucionalizado”, tais como: acolhimento estudantil e escuta de sua experiência, compartilhamento da vivência internacional por meio de relatórios, entrevistas, mesas redondas, oficinas etc; identificação dos contatos estabelecidos no exterior visando futuras parcerias; estabelecimento de currículos internacionais e reflexão sobre as práticas pedagógicas da instituição. Para concluir, visando a melhoria da educação superior, a Conferência Regional de Educação Superior sugere como estratégia para os próximos 10 anos (2018-2028) o fortalecimento dos espaços e redes de integração regional e cooperação Sul-Sul, pautada na solidariedade. Para que isso se efetive, torna-se necessário o estabelecimento de políticas públicas inclusivas de mobilidade acadêmica e que contemple diferentes fases da experiência (preparação prévia, experiência internacional propriamente dita e o retorno ao país de origem). Ademais, avaliar os impactos dos programas na região pode contribuir para o aperfeiçoamento de políticas públicas de internacionalização da educação superior.

Autor primario

Jéssica Reis Evangelista (Universidade Estadual de Campinas (Unicamp))

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