Descripción
A internacionalização no Ensino Superior é uma estratégia fundamental para o desenvolvimento científico, tecnológico e de qualificação de profissionais com visão global, empatia e respeito pela diversidade. Essas competências passam a compor o perfil do egresso atual, especialmente porque as relações políticas, econômicas e culturais, cada vez mais, extrapolam as barreiras físicas dos países e apontam a necessidade de uma formação multicêntrica. Este processo envolve a promoção de intercâmbios estudantis, a cooperação entre instituições de ensino nacionais e internacionais e a oferta de cursos de línguas estrangeiras em instituições acadêmicas. Para além dessas ações, como uma via de mão dupla, a internacionalização do ensino superior pode contribuir com ações integrativas para imigrantes no país, assim como o imigrante pode contribuir para o fomento da pluralidade cultural no campus universitário.
O Brasil tem recebido um número significativo de imigrantes, com dados de 2023 do Sistema de Registro Nacional Migratório (SisMigra), indicando em média 19 mil registros migratórios por mês. A cidade de Maringá-PR também tem se destacado como destino para estrangeiros, sendo a quarta cidade que mais concentra imigrantes no Paraná (Ribeiro & Scipioni, 2023). Nesse sentido, a internacionalização da educação no Brasil apresenta um papel significativo, pois as universidades nacionais, incluindo as de Maringá, têm se tornado importantes centros de integração e capacitação para essas pessoas.
Adaptação cultural, dificuldades com a língua e baixa adequação ao mercado de trabalho são exemplos de obstáculos enfrentados por imigrantes involuntários no país. “Uma vez diante da ruptura do seu contexto cultural e social, emerge a necessidade de reconfiguração de carreiras profissionais e perspectivas educacionais no país de recepção” (Ferreira & Borges, 2024). Dessa forma, o Setor de Internacionalização do Centro Universitário Cidade Verde - UniCV desenvolveu e implantou no ano de 2024 um projeto de vestibular com bolsa 100% para alunos estrangeiros, com o objetivo de desenvolver a internacionalização do ensino superior na instituição, valorizando o desenvolvimento regional ao dar suporte e capacitação aos imigrantes que residem na cidade e promover medidas que impulsionam e democratizam o acesso à graduação presencial.
O edital contemplou 15 vagas para a graduação presencial, podendo participar do processo seletivo, qualquer candidato estrangeiro que concluiu o Ensino Médio até o início das aulas do período letivo de 2024. Como resultado do projeto, obteve-se: Bacharelado em Fisioterapia – 11 inscritos (24%); Bacharelado em Biomedicina – 7 inscritos (15%); Bacharelado em Engenharia Civil – 7 inscritos (15%); Bacharelado em Administração – 6 inscritos (13%); Licenciatura em Pedagogia – 5 inscritos (11%); Bacharelado em Ciências Contábeis – 4 inscritos (8%); Bacharelado em Nutrição – 4 inscritos (8%); Bacharelado em Arquitetura e Urbanismo – 2 inscritos (4%). O processo seletivo foi composto por uma prova de múltipla escolha e redação, sendo a nota de corte 6,0. Ao todo, 28 inscritos participaram do processo seletivo e 3 foram aprovados no total.
Ao analisar os dados obtidos no projeto, nota-se o baixo nível de aprovações dos candidatos, os quais não atingiram a nota mínima na avaliação. Isso devido a dificuldade na execução da prova, principalmente a leitura e compreensão da língua portuguesa. Percebe-se que a barreira linguística não só afeta o desempenho acadêmico, mas também dificulta a plena integração do estrangeiro no ambiente educacional. A falta de programas específicos de apoio linguístico a essa população, agrava ainda mais essa questão, limitando as oportunidades acadêmicas e profissionais desses estudantes. Dessa forma, o UniCV elaborou dois cursos gratuitos de desenvolvimento da língua portuguesa (básico e avançado) e inglesa, possibilitando que os estrangeiros se preparem para a próxima edição.
Além disso, constatou-se uma favorável recepção da população regional com a iniciativa do Vestibular para Estrangeiros. Dessa maneira, conclui-se que maior veiculação de material de divulgação; abertura de possibilidade de inscrição presencial pouco antes da realização do vestibular e adequação da dificuldade da prova aplicada, são adaptações que devem ser feitas para que o processo seletivo integre maior quantidade de candidatos e também maiores chances de aprovação dos inscritos. Assim, ao promover políticas e práticas educacionais acolhedoras a estudantes estrangeiros, a instituição não só enriquece o ambiente acadêmico com perspectivas diversas, mas também prepara os imigrantes para uma participação ativa no mercado de trabalho, onde as trocas de conhecimentos e experiências ultrapassam as fronteiras nacionais.